Wednesday, March 24, 2010

doutra maneira qualquer...

devagar como se o tempo soubesse o que demora o instante.partem de mim para mim os instantes absurdos do silêncio que preenche todas as palavras. e digo, e grito, falo até para o sono que quer ganhar, que ele não ganha nem vence.
abro o portal do quintal e ponho os sonhos a pastar, a voar no horizonte dos anseios, a comer prados de inquietude e beber esperança no ribeiro que teima em não passar duas vezes no mesmo sítio.
nem quero isso para o mundo, passar pelo mesmo sítio da mesma maneira, que seja doutra maneira qualquer...

Monday, March 22, 2010

num só pulsar (frequência trakinice)

a primavera chegou de mansinho pé ante pé com medo de acordar os que dormem o sono profundo do encontro.
apertou-me contra o seu peito que eu senti pulsar de terra, de vento, de amor. e numa batida desconcertante de um bater do coração multiplicou-se pelo universo todo em busca de paz e sossego nos olhos castanhos de terra.
mostrou me as mãos como se a dar tudo desse as suas próprias mãos para apertar, para sentir o mundo todo num só pulsar.uníssono sincronizadamente num só pulsar.forte, vibrante e verdadeiro desvendando os segredos do lado de dentro da alma. remeniscências de um passado presente.para sempre.

Friday, February 26, 2010

amar o mar para sempre

vi te emaranhar nas rochas como um mar revolto que já não sabia o que era terra há muito.
senti as pedras arrepiar com o encontro da terra e do mar numa pegada de um frio com cheiro de sal que não faz sede.
senti que as coisas realmente fazem sentido, que o profundo mar esconde o segredo de azul, o segredo de quem dessasosogado lhe adormece no colo. Sábio, calado e fundo no fundo de todas as coisas que só se sabem às vezes.
e num momento feito instante fechei os olhos como quem olha para dentro e ouvi te a chegar, de repente, de rompante sobre as rochas que acordavam tardias naquela noite de inverno e de tempestade, segredavas a quem te ouvia que o mundo era simples e não doia, que as viagens de nevoeiro eram feitas de luz por dentro e as palavras do mundo todo cabem num rebentar de ondas...

Wednesday, February 24, 2010

chuva ou gotas de água em queda livre

ouvia-se ao longe o perto das gotas de água a cair por entre os espaços vazios.
Aperta-me no coração a sensação de inverno e melancolia, cansada de cansaços frios, esfrego as mãos uma na outra procurando o calor das coisas que existem quando o mundo se cala e nos nasce diante dos olhos.
E as pupilas dilatam como que a reclamar por vida, a ver o mundo do lado daqueles que ainda se espantam. E fecho as janelas, as portas e as portadas e a noite toda em mim. fecho o som, a luz e a estrela que ainda existe e fecho tudo dentro numa caixinha que ponho debaixo da cama, para não se perder, para eu me lembrar de nunca a esquecer.