Friday, February 26, 2010

amar o mar para sempre

vi te emaranhar nas rochas como um mar revolto que já não sabia o que era terra há muito.
senti as pedras arrepiar com o encontro da terra e do mar numa pegada de um frio com cheiro de sal que não faz sede.
senti que as coisas realmente fazem sentido, que o profundo mar esconde o segredo de azul, o segredo de quem dessasosogado lhe adormece no colo. Sábio, calado e fundo no fundo de todas as coisas que só se sabem às vezes.
e num momento feito instante fechei os olhos como quem olha para dentro e ouvi te a chegar, de repente, de rompante sobre as rochas que acordavam tardias naquela noite de inverno e de tempestade, segredavas a quem te ouvia que o mundo era simples e não doia, que as viagens de nevoeiro eram feitas de luz por dentro e as palavras do mundo todo cabem num rebentar de ondas...

Wednesday, February 24, 2010

chuva ou gotas de água em queda livre

ouvia-se ao longe o perto das gotas de água a cair por entre os espaços vazios.
Aperta-me no coração a sensação de inverno e melancolia, cansada de cansaços frios, esfrego as mãos uma na outra procurando o calor das coisas que existem quando o mundo se cala e nos nasce diante dos olhos.
E as pupilas dilatam como que a reclamar por vida, a ver o mundo do lado daqueles que ainda se espantam. E fecho as janelas, as portas e as portadas e a noite toda em mim. fecho o som, a luz e a estrela que ainda existe e fecho tudo dentro numa caixinha que ponho debaixo da cama, para não se perder, para eu me lembrar de nunca a esquecer.